Quetzalcoatl é conhecido
como aquele que foi o deus máximo, o mais cultuado, pelos povos pré-colombianos
da América Central. Seu nome significa algo como “Serpente Emplumada”.
Especula-se que o primeiro povo a adorar essa deidade tenha sido o Olmeca,
sendo seus primeiros registros encontrados em Teotihuacan, região situada
próxima à atual Cidade do México. Pouco mais tarde, passou a ser cultuado
também por outros povos, como os toltecas, astecas e maias, recebendo o nome de
Kukulkán por esses últimos
É um dos
filhos de Tonacatecuhtli, que foi o primeiro deus e o senhor da criação.
Segundo a mitologia, no inicio dos tempos ele soprou e criou o tempo e o
espaço, o céu e a terra. De seu sopro também nasceram Quetzalcoatl e seus três
irmãos, Huizilopochtli, Xipetotec e Tezcatlipoca, que seriam
responsáveis por terminarem o que seu pai havia começado. Quetzalcoatl e
Tezcatlipoca deram início ao processo de criação, mas precisariam primeiro
derrotar a terrível criatura divina chamada Cipactli, que era como um
gigantesco dragão marinho e o único ser vivente em todo o oceano. Para derrotar
a criatura, Tezcatlipoca sacrificou seu pé, jogando ele ao mar para que
servisse de isca. Quando Cipactli se aproximou atraída pelo cheiro do sangue,
os irmãos pularam sobre ela e travaram uma batalha mortal, até que finalmente a
venceram. Dividiram então seu corpo em quatro partes, que seriam os 4 pontos cardeais:
Norte, Sul, Leste e Oeste. Cortaram ele também em duas partes, fazendo a
divisão entre o céu e a terra
Para povoar a
Terra, os deuses geradores “pariram” uma gigante rocha em formato de lâmina que
desceu do céu, de onde saíram 1600 deuses, que teriam sido os primeiros
habitantes da terra. E então, decidiram criar seres para adorarem os deuses: os
seres humanos. Para isso, teriam recebido de Tonacatecuhtli um conjunto de
ossos preciosos. Mas antes era necessário um Sol, para que tivesse separação
entre dia e noite. Para isso, um dos deuses ficaria responsável por subir aos
céus e tomar esse posto. Mas, depois de quatro deuses terem ocupado o posto e
quatro fracassos na criação da humanidade, os deuses decidiram admitir que não
era possível criar o ser humano ideal e resolveram entregar os ossos preciosos
para Mictlantecuhtli, senhor de Mictlan, o submundo, para que não
houvesse outra tentativa de criação da humanidade
Quetzalcoatl
não concordou e decidiu fazer uma quinta tentativa. E dessa vez, ele mesmo
criaria o homem. Mas antes teria que descer até ao Mictlan para recuperar os
ossos. Para lhe entregar o que queria, Mictlantecuhtli o desafiou a atravessar
os 9 níveis do submundo. Ainda no primeiro nível, teve que atravessar montanhas
em colisão e a cada nível que descia, os desafios se tornavam cada vez piores,
passando inclusive por um local infestado de feras que se alimentavam de
corações, até que enfim chegou ao ultimo nível, onde o senhor de Mictlan o
aguardava junto com os ossos. Tendo completado todas as provas, recebeu então
os ossos para que pudesse levar com ele. Mas, no meio do caminho de volta,
Mictlantecuhtli se arrependeu de entregar os ossos e abriu um buraco profundo
no chão e fez com que aves distraíssem Quetzalcoatl, que caiu no abismo e
morreu
Porém, pouco tempo depois,
renasceu e voltou até o local para recuperar os ossos, com os quais criaria ele
mesmo a nova humanidade, que cresceria sob a sua tutela pessoal. Como os ossos
quebraram com a queda, ele terminou de pica-los, até que se formasse um pó, que
foi misturado com o sangue dos deuses, incluindo o sangue do membro reprodutor
de Quetzalcoatl. A matéria formada foi moldada para que surgissem
os humanos do quinto Sol, o atual. Para resolver o problema de alimentação, o
deus se transformou em formiga e foi novamente até ao Mictlan para buscar o
milho, que também lá estava guardado. A ideia era a de que o homem apenas seria
completo se comesse milho. E por ter mostrado os caminhos para sua cultivação,
Quetzalcoatl passou a ser visto como o ponto civilizatório, além de senhor da
criação. Feito isso, fundou a cidade de Tula, onde passaria a reinar sobre seu
povo. A cidade era um local paradisíaco, repleto de belezas e riquezas. Hoje a
cidade é identificada como Teotihuacan, que chegou a ser a cidade
mais populosa da região e talvez a maior cidade do mundo em determinada época
Tudo parecia
caminhar bem com a nova humanidade, mas uma decisão de Quetzalcoatl estremeceu
a relação com os outros deuses: a proibição do sacrifício humano. Tezcatlipoca aproveitou
o momento para ter sua vingança contra o irmão, por ele ter ficado com toda o
crédito pela morte de Cipactli, apesar de ter sacrificado seu pé para que isso
fosse possível. Com o apoio de outros deuses, se transformou em um ancião e
ofereceu uma bebida ao seu irmão, explicando que era uma espécie de elixir que
o tornaria mais jovem. Quetzalcoatl, convencido de que realmente estava ficando
velho, tomou a bebida, que na verdade era uma substância alcoólica, chamada
Pulque. Embriagado, saiu pela noite, incomodando as pessoas, fazendo arruaça e
chegando até ao ponto de deitar-se com a própria irmã. Na manhã seguinte,
percebendo o que havia feito, sentiu vergonha e se considerou indigno de
continuar reinando após ter quebrado as regras que ele mesmo havia criado
Reuniu o seu
povo para anunciar que, após o ocorrido na noite anterior, não poderia mais
ocupar a liderança da cidade. Então preparou uma embarcação dourada para que
fosse embora. Mas antes de partir, prometeu ao povo que um dia voltaria para
retomar a posse da cidade. E então, guiando seu barco, navegou até desaparecer
no horizonte, local onde surgia o Sol e a partir daquele dia se tornou a
estrela que anuncia o fim da noite e o nascer do Sol. Se tornou a estrela da
manhã, Vênus








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